5 TENDÊNCIAS PARA A MOBILIDADE E SEU IMPACTO NO CONSUMO DE VEÍCULOS
Carro autônomo ou voador? Um balanço das orientações atuais da indústria e o que elas informam sobre o comportamento do consumidor.
Os negócios relativos à esfera da mobilidade – consumo, indústrias e serviços – formam mais um daqueles setores em profunda transformação no presente, por razões que vão da revolução digital à mudança de percepção do valor do carro pelas novas gerações. Listamos alguns sinais que indicam que a mobilidade está tendo que “trocar o pneu com o carro andando”, como se costuma dizer, tal a quantidade de inovações propostas e de desafios ainda a enfrentar. A eles:
SHARING
Os projetos de compartilhamento continuam a todo vapor, agora com as próprias montadoras se engajando em diversas iniciativas e parcerias, para tentar não perder o timing. A GM fez uma parceria com a Lyft. A Volvo e a Toyota, com o Uber. A Waymo | Google também abriu parceria com a Lyft.
Mas a maioria dos novos projetos de compartilhamento incluem, simultaneamente, o desenvolvimento de carros autônomos. Será que compartilhar cada vez mais e dirigir cada vez menos é o paraíso da mobilidade?
SELF-DRIVING
Carros que usam inteligência artificial para se movimentar vêm sendo desenvolvidos há alguns anos e já podem ser vistos pelas ruas, em alguns países. O Uber já tem carros autônomos, ainda em fase de testes, rodando em cidades da Pensilvânia e do Arizona, nos EUA. Há pelo menos uma dúzia de empresas no mundo – como Google, Apple, Tesla, a chinesa Baidu e praticamente todas as grandes montadoras – investindo pesado para desenvolver e aperfeiçoar veículos autônomos.
Agora, é a vez dos caminhões. Pelo menos, é o que diz a lista das “10 breakthrough technologies” do MIT, aquelas tecnologias que vão se difundir nos próximos 5-10 anos. Empresas como a Otto e a Waymo começam a acelerar os testes nessa direção.
As dificuldades, porém, são maiores do que aquelas encontradas para os carros urbanos, a começar pelas imprevisibilidades das estradas, um ambiente muito mais difícil de controlar.
FLYING
Bem, voar era só o que faltava, certo? Pois não falta mais. A empresa de Larry Page está investindo para transformar os carros voadores em realidade. A Kitty Hawlk, mais uma empresa que faz parte do grupo Google, fez testes recentes, amplamente divulgados pela mídia.
A Airbus também apresentou um conceito de carro voador em Genebra, indicando que a indústria aeronaval, porque não, deve tentar pegar um pedaço desse bolo. O horizonte é distante, mas uma das urgências é repensar todo o tráfego aéreo e seu controle para um espaço coberto por drones – outra inovação que está criando várias interfaces com os automóveis – e, futuramente, por veículos voadores.
BRANDING
A indústria está se mexendo e procurando novas formas de comunicar e/ou relembrar aos consumidores os valores associados ao automóvel. Para esse fim, as estratégias de gestão da marca são essenciais.
Para trabalhar a memória emocional do consumidor, a Ford lançou o berço Max Motor Dreams – sim, um berço! –, que reproduz a suave vibração, a luminosidade e o barulhinho bom que um passeio de carro traz, favorecendo o sono dos bebês. O projeto foi desenvolvido pelo estúdio espanhol de design Espada y Santa Cruz.
Operações de branding extension – a extensão da marca a outros produtos – sempre estiveram no radar das marcas. O problema é quais produtos escolher e como fazê-lo. Por exemplo, o estúdio KAR se inspirou no universo dos automóveis para criar roupas e acessórios em parceria com a butique de tendências colette.
CONSUMER-CENTRIC ?
Os projetos são excitantes, mas a pergunta que não quer calar é: e o consumidor, combinaram com ele?
No estudo “Depois de amanhã: consumo e comportamento jovem no Brasil”, equacionamos esse ponto – o das novas motivações para o consumo de automóveis – do seguinte modo:
“(…) O que indicam Über, Lyft, serviços de compartilhamento de veículos, carros autônomos e outras inovações, além da boa e velha compra de um carro, é a multiplicação das formas de relacionamento do consumidor com esse objeto”.
Indicamos, também, que à indústria “cabe o papel de abrir efetivamente o leque de possibilidades e escolhas”, para responder às novas demandas emocionais do consumidor.
As dificuldades são imensas. De um lado, as expectativas dos consumidores podem não corresponder àquilo que a indústria está desenvolvendo – por exemplo, um projeto de “carro autônomo” geralmente quer dizer “performance melhorada do motorista com ajuda de recursos tecnológicos”, e não, necessariamente, veículo que anda sem motorista. De outro lado, embora um raciocínio como o de Larry Page para o carro voador – “quero ter um no meu jardim, odiaria que o meio vizinho tivesse e eu não” –seja praticamente o mesmo da indústria do século XX, resta saber se o consumidor emocional continua a pensar o carro dessa maneira…