A moda e suas mensagens

As duas principais semanas de moda brasileiras, São Paulo e Rio, perderam oportunidades de se posicionar em relação à inevitável crise deste ano de forma inteligente. No que concerne às mensagens institucionais enviadas pelos eventos, sob a forma da temática geral da estação, houve os maiores equívocos. No Rio, a organização quis falar de um espírito de multiplicidade étnica e cultural, que definitivamente não é a cara da cidade, socialmente mixada mas muito definida em termos de um ethos carioca. Em São Paulo, o tema da felicidade, super-explorado nos últimos anos sob todos os pontos de vistas, principalmente em pesquisas internacionais, seminários e publicações, não só pareceu chegar com atraso como também deslocado, em função da conjuntura internacional e, pior, da tônica das próprias coleções apresentadas. Como eventos que acontecem logo no início do ano, perdeu-se a chance de enviar um sinal mais forte à sociedade e ao mercado sobre as sensibilidades que emergem junto com a crise – tema de estudo em andamento no Observatório de Sinais – e que reforçaria a própria posição da indústria da moda como um todo.

Odes
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