ClassC
Não há dia em que esse tema não renda ao menos um destaque nas mídias, qualquer uma delas. Recentemente, as novas classes médias ocuparam o centro do debate político também, a partir do denso artigo do sociólogo FHC. No entanto, continuam a predominar as leituras enviesadas e falsas do fenômeno ClassC, como essa tendência de sociedade é chamada nos estudos do Observatório de Sinais. O caso da comunicação é dos mais flagrantes. É completamente equivocada a afirmação de que “as novas classes médias querem um discurso mais simplificado”, como temos ouvido no mercado, com a justificativa de que isso contribuiria para a compreensão dos conteúdos. Trata-se da típica desinformação de gabinete, de quem não está se preocupando em analisar concreta e qualitativamente os discursos dos indivíduos, cada vez mais bem informados e “espertos”. Por outro lado, o paternalismo embutido na proposta encobre, no fundo, o velho e conhecido preconceito de classe. O que a ClassC deseja é ser tratada de igual. No consumo de mídias, ela quer “mais, e mais completo”. Sua ascensão, que não é apenas de consumo, torna o seu universo como um todo mais complexo, e não mais “simplificado”. E como o consumidor se comporta quando ele conclui que um discurso não combina com a sua experiência?