COMO AS REPRESENTAÇÕES DO FEMININO ESTÃO EVOLUINDO

No post de hoje, o foco se volta para a evolução da identidade feminina, esse tema tão central para o Zeitgeist. Trazemos dois deslocamentos interessantes, e bem atuais, na representação da imagem da mulher contemporânea: as Supergrávidas e as Pioneiras. Confira a história!

 

SUPERGRÁVIDAS

 

Nos anos 1980, a ascensão da mulher se expressou, entre outras formas, no power dressing – você sabe, aquela silhueta de ombros largos e quadrados que a década adotou. Nos anos 2000, a bola da vez foi a imagem da mulher multitarefas, a heroína que dava conta de trabalho, família, corpo e o que mais pintasse.

Agora, a suprema expressão do empoderamento feminino está na gravidez. É a imagem da mulher grávida, e preferencialmente gravidíssima, a melhor metáfora da superioridade e da força femininas, reiterada nas mídias, na moda, no pop, etc – e as marcas já estão de olho! Ao contrário dos sentimentos negativos que podiam vir associados à gravidez, antigamente, as jovens Supergrávidas de hoje são fortes, ostensivas, exalam poder, otimismo e, por que não, sexualidade.

 

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Desfile Gareth Pugh. Foto: Le Figaro.
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Sabrina Sato. Foto: Revista JP.

 

Acima: Duas manifestações bem recentes de Supergrávidas apareceram no desfile do estilista Gareth Pugh, este mês na London Fashion Week, e no editorial estrelado por Sabrina Sato para a Revista JP, em seu oitavo mês de gravidez.

 

NOVAS PIONEIRAS

 

Outro aspecto interessante da identidade feminina está na incidência da imagem das “mulheres pioneiras” na moda atual – nesse caso, um fenômeno mais forte nos EUA, como reportou o jornal New York Times, mas que também tem outras manifestações. As“pioneiras”, no caso, são as mulheres dos desbravadores do oeste americano no início dos anos 1800. O estilo envolve muitos babados, golas altas, vestidos longos de mangas compridas e estampas florais miudinhas, sem muita vaidade aparente, em um registro urbano e atualizado.

 

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Foto: New York Times.

 

A moda atual se apropria dessa imagem de mulher simples e modesta, não para sugerir um recato, que não tem mais lugar, mas para deixar claro que o corpo ocupa um plano secundário. São a força e a determinação, que o pioneirismo do colono exige, que passam em primeiro lugar. A tendência emergente das “pioneiras” é uma declaração contra o excesso de sexualização do corpo feminino pela moda. Por outro lado, também dá para enxergar na tendência um lance de simplicidade e de ternura, às vezes “desfocado” propositalmente por meio do uso de acessórios pesados, como sapatos Dr. Martens, botas ou “tênis de papai”.

 

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Foto: Instagram / New York Times.

 

Entre outras, a marca Gucci, com seu discurso ostensivamente millennial, também tem utilizado o recurso a essa imagem de moda, claro que com um toque mais gótico e pop, como dá pra ver na imagem abaixo. A ambientação da última campanha do inverno da marca italiana numa “Arca de Noé” deixa entrever algumas das mesmas referências de moda acionadas pelas novas pioneiras urbanas.

 

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Campanha Gucci em clima arca de Noé. Foto: divulgação.
Odes