COMO E POR QUE O MINIMALISMO ESTÁ ENTRANDO (DE NOVO) EM DISCUSSÃO
No design, na moda, na arquitetura, o “menos é mais” rivaliza com tendências ao maximalismo e suas expressões contemporâneas. Conheça os sinais.
Antes de mais nada, vamos deixar claro que a gente adora o minimalismo em todas as suas expressões, da arte conceitual dos anos 1960 à moda dos anos 1990 (alô, Helmut Lang!), da música do Phillip Glass à rede japonesa de lojas Muji – de longe, a mais perfeita expressão minimalista no varejo global.
No presente, a ideia de que “menos é mais” dança na boca de todo mundo, resultado de uma época que busca a simplificação da vida, a todo custo. Talvez porque tenha se tornado mainstream, notamos que há uma contratendência em andamento no sentido da crítica ao minimalismo. Alguns sinais vão ajudar a tornar mais concreta essa observação:
Less is bore
A Ikea, aparentemente, decretou a morte do minimalismo no seu novo catálogo de outono-inverno. Em se tratando da gigante sueca dos móveis e do design , é claro que se deve prestar atenção.
Mas a pergunta que não quer calar: será apenas até a próxima estação?
Máxi 70
É verdade que a moda não anda navegando pelas águas mais favoráveis ao minimalismo, ultimamente.
Para citar alguns exemplos, é o caso do foco nas mangas ou da onda dos babados (que pegou forte no verão do hemisfério norte); da voga do artesanal; e das reiteradas referências aos anos 1970, década com forte acento maximalista, do movimento hippie até a disco, passando pelo glam rock.
Minimania
Em um nível mais conceitual, um dos romances best-sellers do verão europeu, “The Girl Before”, de JP Delaney, faz a história se passar em uma casa minimalista e totalmente automatizada, que assume um papel central na trama. Perguntado sobre o porquê da escolha, o autor esclareceu que “o minimalismo na arquitetura é uma expressão obsessiva”, o que, segundo ele, favoreceu o clima de suspense psicológico.
Soma zero
Qualquer discussão sobre a “superação do minimalismo”, como a gente está vendo acontecer, é parcial, porque a estética do nosso tempo é cada vez mais plural e diversa, e nela cabem todos os estilos.
Hoje em dia, o campo do design não pode ser resumido a este ou àquele estilo (como a moda, aliás). Para cada Studio Job sempre haverá um Jasper Morrison, fazendo do design, praticamente, um jogo de soma zero entre minimalistas e maximalistas.
Mas o fato mais importante é que o minimalismo perdeu a exclusividade como sinônimo de elegância certa ou de estilo que monopolizava, por assim dizer, as escolhas de um consumidor tido como mais moderno ou elitista – mais uma prova cabal de que as marcas precisam ir ter com o consumidor de carne e osso, em vez de trabalhar com ideias que já passaram do prazo de validade.