“Descolamento” também nas automobilísticas?
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Sinais recentes sugerem que não é só nos índices da macroeconomia que está ocorrendo um “descolamento” entre países desenvolvidos e emergentes, mas também nas estratégias adotadas pelas automobilísticas em relação a esses países. As automobilísticas se movem rapidamente nos mercados emergentes, ao mesmo tempo em que a crise nos EUA leva a repensar estratégias.
No Valor de ontem (10/04), “Renault abre centro de design em São Paulo para se aproximar das artes”, relatando a inauguração do sexto centro de pesquisa e desenvolvimento em design da marca francesa no mundo, que investe agora as suas fichas de criação nos emergentes. O local escolhido foi a Alameda Gabriel Monteiro da Silva, coração do design de luxo paulistano. A idéia é monitorar tendências da arte, do design e da moda – mais uma confirmação da tendência que o Observatório de Sinais chama há tempos de ArteModa, dentro do princípio metodológico de convergência. A reportagem relata ainda que as vendas da Renault no país cresceram depois do lançamento do Sandero, modelo com pitadas do talento brasileiro em seu desenvolvimento. É o caminho: a observação e interpretação local das tendências mostra-se muito mais eficiente e realiza o sonhado equilíbrio com o global, operando ao mesmo tempo um sensível deslocamento em relação à ultrapassada idéia de “adaptar” ou “tropicalizar” tendências globais. Mas isso vai acontecer de fato? Resta garantir que a equipe está preparada para realizar essa tarefa, com autonomia suficiente, ou se o centro de desenvolvimento local será mais um simples “adaptador” das diretrizes da matriz, como as multinacionais de ourtso setores produtivos preferem, burramente, instalar por aqui.
Enquanto isso, nos EUA, a Ford e outras montadoras repensam o caminho do excesso de personalização e de cores, relata a Reuters. No caso do Focus Sedan da Ford, havia cerca de 100 mil combinações possíveis de cores de todos os elementos, das quais apenas 4 mil eram realmente lucrativas. Aproveitando a onda retrô (nada mais conveniente), a montadora propõe voltar aos tempos do modelo T, em que o preto era de lei. Back to blacks, como diria La Winehouse.
(Colaborou Raquel Dolzan, de Londres)