Informação livre e gratuita ou controlada e paga?
Diversos sinais indicam que a pergunta do título resume, neste momento, a batalha crucial sobre internet, embora se estenda à produção cultural e de informações como um todo. O caso do MinC revendo sua posição em direção aos direitos autorais e ao Creative Commons é um deles. Na última Campus Party, a discussão sobre o “fim da web” foi outro, no sentido do ataque à ideia de rede livre que a sua apropriação por grandes corporações (Google, Facebook, Apple) estaria causando.
Quantas vezes você ainda digita “www” para se dirigir a um site? Ou, refazendo a pergunta: com a multiplicação de buscadores, aplicativos e perfis, por quanto tempo ainda recorreremos a “sites” e a uma navegação livre, não tutelada, pela internet?
Mas, aqui, é outro aspecto dessa discussão que me interessa: a questão da informação livre e gratuita, acessível a todos. Ou, na verdade, o seu contrário, isto é, a re-ascensão do pago em detrimento do gratuito. Os últimos movimentos da imprensa e da indústria editorial evidenciam que um novo modelo de negócios já está instituído (em processo de ajustes), tendo os tablets e celulares como plataformas principais. O anúncio do jornal New York Times de que passará a cobrar por seu conteúdo foi o mais recente de uma série, nos últimos meses, e com certeza não será o último. A imprensa, hoje (25/03), fala dos embates globais entre os jornais e a Apple pelos lucros com a venda da informação.
Na outra ponta, os partidários do free continuam a se agitar. Sem entrar no mérito da questão, o fato é que palavras de ordem revolucionárias como “information wants to be free” traduzem cada vez mais a necessária dose de romantismo, idealismo e resistência, versão século XXI. No horizonte, porém, emerge uma internet em duas velocidades: uma paga, restrita, com desempenho ótimo e o conhecimento mais estratégico acessível a poucos (isto é, aos que paguem por ele), a outra gratuita, aberta, apenas mediana em sua performance e medíocre na definição do que seja “conteúdo” e “informação”. Espere aí: e já não é o que está acontecendo, neste exato momento?