MODA PLUS SIZE: OFERTA AVANÇA MAIS DO QUE O ESTILO

O SEGMENTO PLUS SIZE FLORESCE, MAS A FALTA DE ENTENDIMENTO DAS MOTIVAÇÕES DO CONSUMIDOR É UM ENTRAVE, QUE PODE SER FATAL PARA OS NEGÓCIOS.

No Brasil, mais de metade da população está acima do peso e um em cada cinco brasileiros já é considerado obeso. No entanto, a oferta de roupas para esse segmento continua aquém das expectativas dos consumidores – basta perguntar a eles…

Nos EUA, os números são gritantes: 67% das mulheres usam números grandes, mas elas representam apensas 18% das compras totais de vestuário, de um segmento que vale U$ 20 bilhões, segundo estimativas.

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Nos EUA, as grandes redes de varejo estão de olho no segmento plus size. Foto: JCPenney | AdAge.

Não temos o dado brasileiro, mas com certeza não estamos longe disso – ou até em situação pior, já que as opções desse segmento entre nós são sensivelmente reduzidas. É verdade que a oferta tem melhorado e avançado. O movimento plus size tornou-se relevante e tem buscado canais próprios de expressão, como eventos, desfiles de moda e bazares. A presença maior de modelos plus size nas semanas de moda virou notícia. As grandes redes de varejo acordaram para o potencial de consumo desse target, estimado, apenas na capital paulista, em 200 milhões de reais e com crescimento garantido, apesar da crise, pelo fato da demanda ser muito maior do que a oferta.

Pouco ou quase nada se fala do gap de estilo que persiste na moda plus size

Tudo isso é fato, mas pouco ou quase nada se fala do gap de estilo que persiste na moda plus size. As novas marcas estão buscando uma linguagem mais jovem e descolada, mas, via de regra, isso é entendido como roupas coloridas, justas ou com estampas florais enoooormes. Mesmo as marcas mais caras, que apostam na experiência butique – um tanto envelhecida -, apelam para os estereótipos de “como a gordinha deve se vestir”.

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Modelos da marca americana Cabiria, 2014. Foto: divulgação.

Roupas com estilo urbano, confortável e sofisticado, feitas com materiais de alta qualidade, ainda são uma raridade nesse segmento. Ou então, como de hábito no Brasil, as peças com esse perfil têm preços exorbitantes. Se o gosto da consumidora for por uma moda mais minimalista, aí então é melhor nem começar a procurar.

O ponto de partida, mais uma vez, deve ser a real compreensão do comportamento e das motivações do consumidor

Na verdade, vemos pouca compreensão efetiva do comportamento da consumidora. Ela se vê frequentemente na situação de escolher o melhor entre as piores peças, pegar o que estiver disponível e virar-se para montar um look, na maior parte dos casos distante do que ela desejava e de seu estilo pessoal. Além disso, as consumidoras obesas ou com sobrepeso podem simplesmente não querer investir em roupa por sempre acharem que vão mudar de número (seja porque querem emagrecer, seja porque acreditam que vão continuar a engordar).

Alternativas à vista? A startup americana Universal Standard tem uma proposta inovadora, tanto em relação ao estilo quanto à experiência de consumo. A marca lançou a proposta de trocar as peças da coleção principal, sem custo adicional, durante o primeiro ano a partir da compra. Não por acaso, a startup tem atraído a atenção e o capital de investidores, convictos de que é preciso oferecer às mulheres uma experiência melhor em moda plus size, que, simplesmente, ainda não existe no mercado.

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Coleção Universal Standard. Foto: divulgação.

A oportunidade está aberta, mas são múltiplos os aspectos a considerar, como apenas esboçamos aqui: estilo e modelagem, experiência de compra, loja física, e-commerce – e o ponto de partida, mais uma vez, é a real compreensão do comportamento, das motivações e das necessidades dos consumidores.

Odes