O automóvel em crise de libido

Por Dario Caldas

A indústria automobilística é a que mais vem sofrendo abalos com a crise, principalmente fora do Brasil. Mas há mais do que queda nas vendas, concordata e parceria de grandes marcas. O automóvel , que é todo um pacote de estilo de vida, está sob forte revisão. Veja-se o caso da cidade alemã Vauban, a primeira a praticamente abolir o automóvel.

Entre os jovens, o carro perdeu bastante espaço como objeto inconteste de desejo, só não admite quem nao quer ou não pode. Afinal, há tanta coisa mais interessante para fazer do que ficar parado no trânsito… O Valor discutiu o assunto na edição do último final de semana, mas os argumentos da indústria para se preparar para o consumidor da Geração Y (ou C, ou Digital, ou “Millenials”, ou o próximo nome que quiserem inventar para definir sempre a mesma coisa: a geração daqueles que já nasceram sob os influxos das tecnologias de comunicação e informação),

Esses argumentos são no mínimo risíveis, como a idéia de que um dia, na megacidade totalmente sob controle, os carros andarão todos à mesma velocidade e a distância controlada uns dos outros! Tenho para mim que nem na Noruega isso daria certo, e olha que lá só tem 4 milhões de mortais educadíssimos.

De qualquer modo, se assim for, aí é que ninguém mais vai querer carro mesmo, não é? E vem montadora chinesa por aqui, e dá-lhe renovação da frota americana com as novas exigências de Obama… A indústria é dinâmica, o mercado a explorar nos emergentes ainda imenso, mas no fundo, a crise do carro é de libido mesmo – e para essa vai precisar mais do que incentivar o consumo ou “transcriá-lo” em chave verde.

Dario Caldas
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