PLANT GANG: POR QUE AS PLANTAS SÃO OS NOVOS PETS

No universo dos seres vivos, as plantas são os novos pets*.

É isso mesmo: depois do boom do mercado pet, vemos crescer exponencialmente o interesse dos consumidores pelo verde, especialmente dentro de casa.

A tendência resulta de três vetores principais: o desejo de aproximação com a natureza e de trazê-la para perto, humanizando a aridez da vida urbana; a penetração cada vez maior da sustentabilidade e das preocupações ambientais no imaginário do consumidor, ainda que, frequentemente, distantes da prática; e o veganismo, que está se tornando mainstream, especialmente junto aos millennials.

 

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Spin Plant, da Monsieur Plant. Foto: reprodução site.

 

Agora, vemos essa tendência se aprofundar de diversas formas. É todo um setor de atividades que deve se desenvolver nos próximos anos, dos mercados de plantas aos apetrechos e acessórios para jardinagem, passando pela indústria do mobiliário e por uma nova concepção dos espaços domésticos. Sites, blogs, perfis e publicações especializadas também vão se beneficiar.

 

PLANT GANG

 

No Instagram, a obsessão por plantas e pelo verde em casa cresce exponencialmente e já se apresenta como a nova estufa de influencers – ou de plantfluencers, como já têm sido chamados.

 

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Perfil @rodrigonun3s, de Itatiba (SP). Foto: reprodução Instagram.

 

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Perfil @ferschmid, de Buenos Aires. Reprodução Instagram.

 

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Perfil @leandrouw, de São Paulo, SP. Reprodução Instagram.

 

Hashtags como #plantpeople, #urbanjungle, #plantstyling – além da escolhida para dar nome à tendência ODES, #plantgang – surgem ao lado de outros recortes do universo botânico e associações mais surpreendentes, como #plantgeek e #boyswithplants.

Por meio delas, jovens de São Paulo, Portland ou Antuérpia exibem suas plantas em diálogo com o próprio corpo, em mais uma manifestação pouco ortodoxa da masculinidade contemporânea.

 

QUITANDA CHIC

 

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Boutique de vegetais Natoora, Londres. Foto: divulgação.

 

No que toca à alimentação, o veganismo e o vegetarianismo mainstream já fazem surgir, nos mercados mais avançados, um novo tipo de varejo: a butique de vegetais, que valoriza legumes e verduras e trata esses produtos com uma pegada que lembra as butiques de frutas de Tóquio.

É hora do upgrade da quitanda.

A estratégia é clara: individualizar os produtos para descomoditizá-los; pôr em relevo características únicas e especiais, se possível contando uma bela história (cultural, social, natural); por fim, o design completa o trabalho, com exposição e embalagens pensadas para ajudar a criar a percepção de um território premium.

No Brasil, terra dos hortifrútis, vemos muito espaço para esse processo de premiunização, nas capitais e maiores cidades.

 

TIGELA VEG

 

Em 2018, nos restaurantes de São Paulo, cresceu a tendência de pôr foco nos vegetais, retirando-os do papel de coadjuvantes.

 

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Isla Café, São Paulo. Foto: divulgação.

 

O Futuro Refeitório, o Homa, do chefe José Barattino, o Isla Café, com seus vegetais na tigela, e o Quincho são alguns dos endereços badalados da cidade que flertam com a plant gang.

 

BRÓCOLI’S BEAUTIFUL

 

E como não existe coincidência no universo das tendências de consumo, a ingrediente mais quente do momento nos produtos de beleza e cosmética, segundo os sites especializados, é o óleo de semente de brócolis

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Sérum à base de sementes de brócolis da marca LA Bruket. Foto: divulgação.

 

ARQUITETURA VIVA

 

Está em alta um tipo de projeto arquitetônico que se abre para e integra a natureza – e que tem um DNA muito brasileiro, na realidade. A última edição do evento Casa Cor, em São Paulo, que recebeu o nome de Casa Viva, já havia confirmado essa direção, também ratificada pela moda dos prédios verdes, que mais parecem viveiros de plantas transbordantes de tetos, sacadas e paredes laterais.

 

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Casa Cor SP 2018. Foto: ODES.

 

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Projeto arquitetônico com natureza integrada, 2018. Foto: reprodução.

 

MANÁ

 

Enquanto isso, a onda do urban farming se acentua em países com mais tradição na área – estamos falando, especialmente, da Inglaterra, onde se projeta uma “nova era da jardinagem”, que pode até ajudar a salvar o mundo, segundo os mais otimistas… Pelo menos, é o que propõe o Design Studio Research, de Tom Dixon, que se uniu à marca Ikea para propor hortas urbanas que são verdadeiros laboratórios horticulturais.

 

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Projeto de urban farming do estúdio de pesquisa do designer e arquiteto Tom Dixon para Ikea. Foto: divulgação.

 

Com tecnologia hidropônica e construídos em dois níveis superpostos, esses espaços permitiriam cultivar verduras, legumes e plantas medicinais. A estética naturalista do projeto cria um ecossistema de plantas, flores e frutos, embrulhado em conceitos wellness – enfim, o pacote completo para um perfil de consumidor cada vez mais numeroso (veja o Dossiê Wellnessmania no Odes Report anterior).

 

DESIGN VIVO

 

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Luminária Gople, do estúdio BIG. Foto: Wallpaper.

 

A luminária Gople, que ajuda a fazer as plantas crescerem, é um projeto do escritório BIG e foi premiado pela revista Wallpaper como melhor design de 2018.

E, pra terminar com estilo, esse novo modelo de tênis da marca Nike é sob medida para a plant gang

 

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Tênis Nike. Foto: divulgação.

 

*Conteúdo originalmente publicado no ODES Report Insights & Tendências de Comportamento e Consumo, de jan/2019. O ODES Report é uma publicação do Observatório de Sinais, distribuída com exclusividade a clientes, parceiros e prospects. Informações: cesalles@observatoriodesinais.com.br

 

 

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