TOP 10 SINAIS 2008

Bem, o mínimo que se pode dizer é que foi um ano movimentado, feito de clímax e anticlímax. Com a quantidade de boas notícias econômicas e sociais espocando ao longo do primeiro semestre, o céu ameaçador deste final de ano é mesmo uma mega-onda havaiana de água gelada – nada, de fato, que faça pensar em uma marolinha tépida e inofensiva. Nesse clima, vamos ao nosso já tradicional TOP 10 de sinais relevantes, edição 2008:

1. CRISE. Evidentemente, é a palavra da hora – e por muitos meses ainda o será. Nada, nenhum sinal compete, este ano, em magnitude e abrangência, com a crise financeiro-econômica que se abateu sobre o mundo a partir de setembro de 2008. Desdobramentos à vista.

2. O território da SUSTENTABILIDADE tornou-se mainstream, incorporou-se – ao menos, no nível dos discursos – nas preocupações de todo mundo. Empresas e marcas líderes já puxam essa fila. Com certeza, a crise (de novo) só vai fazer com que se expanda ainda mais.

3. Um sinal e seu flop: a SUPERMÁQUINA, o grande colisor de hádrions, a chave do mistério do big bang, que praticamente não conseguiu funcionar e já entrou em período de manutenção, que vai levar meses.

4. A maioria da população brasileira é oficialmente CLASSE C. De quebra, o IBGE informou que a taxa de natalidade já caiu abaixo de 2,0, fazendo o instituto rever e antecipar estimativas sobre estagnação do crescimento e envelhecimento da população. O Brasil, definitivamente, mudou.

5. Na política internacional, o fenômeno OBAMA, convenhamos, é muito propício à imagem combalida dos EUA. Agora, com o perdão do trocadilho, por que tanto oba-oba? Nada mais natural do que um presidente negro nessa altura da história. Naom Chomsky anda dizendo por aí que Lula e Evo Morales, eles sim, representaram alguma coisa de importante em termos de mudança. De todo modo, é incrível como o mundo se rendeu ao Obama, contra o bode expiatório Bush, so convenient… Na terrinha, muita gente que jamais vestiria “um Lula” achou chiquérrimo ir com a camiseta do Obama ao desfile de moda. Yes, we can cair de novo na história das boas intenções do Tio Sam. Palmas para o contra-ataque da supremacia norte-americana, agora em versão “gente como a gente” e com arsenal de soft power renovado.

6. Na abertura da Olimpíada de Pequim, a China demonstrou o que pode fazer em termos de uma BELEZA TOTAL. Sem espaço para o improviso e o erro, o belo totalitário é produção coletiva para ser vista em alta resolução, para encher os olhos e extasiar. De certo modo, esse momento apologético chinês abriu e antecipou a discussão sobre o pós-capitalismo que a crise de setembro (de novo número 2) só veio reforçar. Muitas implicações estéticas nesse pacote.

7. Nessa brochada de fim de ano, tem que incluir um outro flop: o VAZIO da Bienal de São Paulo, cuja maior e mais profunda discussão se concentrou em torno… da pichação do prédio. Aliás, o vexame da Bienal e o roubo do Masp criaram uma situação paradoxal, feita de um mercado de arte em expansão e da simultânea falência das principais instituições das artes (paulistas, ao menos). E não queremos ser chatos, mas com a crise (de novo número 3), o que será feito do “boom do mercado da arte contemporânea”, do leilão do Damien Hirst na Christie’s, do aquecimento das vendas nas galerias etc.?

8. A CIVILIZAÇÃO URBANA produz boas notícias de onde menos se esperava: da América Latina. Metrópoles como Bogotá, Rio e São Paulo assumem a liderança em projetos de resgate de áreas degradadas e revitalização do tecido urbano. O urbanóide se apropria de sua cidade e quer se orgulhar dela – vide o resultado político da lei “Cidade Limpa” em São Paulo.

9. O Google lança o FLU TRENDS e dá um passo além na utilização da tecnologia e das tendências como instrumento de previsão.

10. Dois momentos fortes da atuação do Observatório de Sinais em 2008, o lançamento do conceito NÃO-CONTEMPORÂNEO, dentro do pacote de tendências 2009-2010, e o trabalho sobre a FAMÍLIA DO FUTURO. Ano que vem tem mais.

Odes
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