COMO O SETOR DE BELEZA ESTÁ SE PREPARANDO PARA O FUTURO
Pesquisa, inovação, comportamento do consumidor e tendências são os principais drivers da indústria.
No individualismo de vertente hedonista-narcisista, os cuidados de si são uma parte central das definições de bem-estar e qualidade de vida. Com isso, setores como a saúde, a alimentação e as indústrias do corpo se entrelaçam cada vez mais, ocupando um lugar central nas motivações de consumo dos indivíduos. Entre eles, o setor de beleza há tempos é tido como um fenômeno à parte, desconhecendo crises e crescendo consistentemente. Será que esse movimento positivo vai continuar nas próximas décadas?
A resposta geral é “sim”, mas, evidentemente, não se trata de um “sim” automático e indiscriminado para todos os players do setor. Ganharão aqueles que souberem interpretar as tendências e responder da forma mais adequada ao comportamento dos consumidores – de todas as idades. Vejamos, primeiro, as orientações já confirmadas:
PERSONAL BEAUTY
Do mercado multissegmentado à possibilidade de responder aos desejos individuais dos consumidores – é esse o principal alvo do mercado. No império do individualismo, a personalização é uma tendência geral e sem volta, embora com estratégias diferentes para cada setor de atividades.
NICHOS
Prepare-se para uma invasão de pequenas marcas inovadoras, atendendo aos mais variados nichos de mercado. E eles são muitos: a arte está em saber identificá-los e nas operações de posicionamento da marca, para que ela seja efetivamente percebida pelo público-alvo.
AGING
O mundo é dos jovens, mas a população planetária envelhece rápida e acentuadamente – mais do que um paradoxo, essa é uma oportunidade que a indústria da beleza está bem posicionada para aproveitar.
Há mais. Segundo a imprensa especializada, um novo relatório ainda inédito sobre o consumo de produtos de higiene e beleza, produzido pelo Google a partir dos mercados americano, francês e japonês, dá algumas pistas para a evolução do setor. Por exemplo, as buscas dos consumidores se orientam crescentemente para novos tipos de acessórios (como escovas corporais e aparelhos de sucção anticelulite) e para técnicas de DIY, acentuando o desejo por autonomia individual.
Outras tendências em alta são o florescente mercado masculino – o chamado male grooming, embora em números absolutos, o “novo homem” ainda represente uma fatia pequena – e o desejo por produtos inovadores para momentos de consumo indulgente, como o banho, entre outros.
No momento em que todas as indústrias têm que se repensar para inovar, o comportamento dos consumidores e as tendências emergentes se tornam instrumentos fundamentais para as marcas
No momento em que todas as indústrias têm que se repensar para inovar, o comportamento dos consumidores e as tendências emergentes se tornam instrumentos fundamentais para as marcas – e é com isso que os principais atores da cosmética estão se preocupando, agora. Para atingir seus objetivos, as maiores empresas do mundo estão apostando alto em pesquisa e desenvolvimento. Se é verdade que essa estratégia sempre foi utilizadas pela indústrias de ponta, a tendência agora é investir em startups, aceleradoras e incubadoras. É o caso dos projetos Founders Factory do Grupo L’Oréal, Accelerate /Séphora, The Unilever Foundry e do programa Connect+Develop, da P&G – todos tentando antecipar o “próximo grande produto” que vai arrebatar o mercado como um todo.
Enquanto isso, no Brasil, depois da crise que afetou até o “efeito batom” (consumo de produtos de beleza, mais baratos, para compensar as dificuldades momentâneas), vemos as duas maiores marcas, Natura e Boticário, brigando pelo mercado de perfumaria, uma das joias da coroa da indústria cosmética. Mas o fato novo de verdade foi a entrada da marca Kiko Milano no mercado nacional. Com sua oferta muito bem posicionada para o consumidor emocional – a começar pela própria assinatura da marca, “seja o que você quiser” – e um modelo de gestão semelhante ao das marcas de fast fashion, a gigante italiana promete esquentar a competição. O ODES, é claro, vai continuar atento aos movimentos do mercado, para antecipar e decifrar as principais tendências do setor.