Luxo popular

A indústria do luxo no Brasil continua sob holofotes. Nas duas últimas semanas, notícias deram conta da existência de um ‘luxo popular’ – expressão que começa a decolar -, essencialmente para consumidores da classe C que buscam ‘auto-estima, pertencimento e inclusão social’ (Folha de S.Paulo, 18/07). São drivers certamente válidos, mas serão os únicos, ou os mais importantes? Será mesmo que dá para aplicar os mesmos termos do ‘consumo conspícuo’, elaborado por Veblen no século XIX, às novas classes médias do século XXI? Outra pesquisa deu conta do crescimento do setor no País, estimado este ano em 28%. Como se sabe, as bases no Brasil ainda são modestas, o que torna números aparentemente expressivos em inexpressivos, se comparados a outras realidades. O mercado de barcos é singular e bom exemplo. No Brasil, os donos de iate ainda têm nome e sobrenome, publicado no jornal. Além disso, quando se considera o crescimento da produção de barcos de determinada marca, ‘de 40 para 120 unidades’ (Folha de S.Paulo, 01/08), ou o incremento de ‘10% nas vendas de embarcações pequenas e médias’ (idem), e se comparam esses dados ao auge do enriquecimento americano, quando as famílias que adquiriam iates se contavam às centenas de milhares… Visto dessa forma, o boom toma ares bem provincianos. Está bem, foram 12% mais milionários brasileiros em 2009. Mas o clube do milhão tupiniquim ainda é a quarta parte do total de milionários que moram na cidade de Nova York, sozinha.

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Odes
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