MOOD FOOD É A NOVA TENDÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO EMOCIONAL
Da última vez que falamos do universo food and drink, foi para abordar a future food, vasto campo atual de experimentação, que se define pelo cruzamento da tecnologia com a engenharia de alimentos, a gastronomia e o design.
Dentre essas novas experiências que estão levando a comida para muito além de seus valores funcionais e nutritivos, uma nova tendência, a mood food, evidencia que a alimentação emocional está ganhando terreno junto ao consumidor.
Vejamos, então, como funcionam essa e outras tendências que vão continuar ganhando força em 2018, uma vez que se encontram na intersecção entre o setor de alimentos e bebidas e o próprio território mais amplo do consumo emocional.
Bon appétit!
MOOD FOOD
A mood food propõe outra abordagem para os alimentos funcionais. Em vez de comer para ter energia, obter vitaminas ou suprir a carência de minerais, que tal comer para amar, para dormir ou para sentir-se em paz? É uma tendência que enfatiza como os alimentos podem ser trabalhados para despertar determinados humores e estados de espírito nos consumidores.
Embora comidas e bebidas que despertem sensações sejam uma vertente conhecida das culturas alimentares, mundo afora, existe agora a questão da ênfase nesse aspecto sobre outros, e a generalização do fenômeno em si. Enfim, foco e escala são os fatores que, em tendências, mudam tudo.
KAWAII FOOD
Seguindo na mesma linha da mood food, por que não uma comida que venha alimentar (literalmente) o desejo de fofura, tão forte no Zeitgeist? Para aqueles que curtiram a história sobre o fofo como novo driver de consumo, preparem-se para a invasão das comidinhas fofas. Nesse caso, mais uma vez, o Japão é a grande fonte de inspiração.
O Kawaii Monster Café, por exemplo, é um verdadeiro templo da cultura kawaii. Ele funciona em Tóquio desde 2015, no célebre distrito de Harajuku, e oferece pratos improváveis e coloridos, em um ambiente psicodélico. À noite, o restaurante se transforma em cabaré burlesco.
VEGAN FOFO
A fofura está definitivamente se tornando uma marca do nosso tempo, e não apenas dentro do território explícito da cultura kawaii. Há diversos exemplos de veganismo fofo circulando pelo Instagram – e o subtítulo desta história poderia ser “quando duas tendências se encontram…”.
O instagrammer americano Jose (Naturally.jo), de 16 anos, revela diariamente suas criações culinária coloridas, veganas, tudo com linguagem ultra kawaii. Smoothies, bolos, sobremesas, taças, se sucedem com receitas apetitosas, nada boring, bem distantes do que um dia se entendeu por vegetariano ou vegano…Um forte sinal dos tempos.
O QUE “ELES” TÊM A VER COM ISSO
Eles, os millennials, é claro! Mais uma vez, impossível penetrar na análise mais profunda dos fenômenos que estamos descrevendo sem apelar para a conexão Y!
De fato, na mesma direção de marcas disruptivas como o Airbnb e o Uber, os setores de alimentação e lazer também já estão conhecendo o impacto de novos formatos de oferta, mudando do esquema tradicional “restaurantes e bares” para experiências peer-to-peer. Os jantares exclusivos na casa de chefs são apenas a ponta desse iceberg.
Mas, devagar com o andor: ao contrário de outros serviços que já se sentem ameaçados (táxis, hotéis), no caso de restaurantes e bares, os novos formatos não significam, nem de longe, uma ameaça (pelo menos, por enquanto). Ao contrário, pesquisas recentes mostram que os millennials preferem comer fora e estão menos propensos a cozinhar todo dia do que as gerações anteriores. Ou seja, em vez de ameaça, há um extenso campo de oportunidades para o food service – desde que seus players entendam o que querem e como se comportam as novas gerações, é claro…
SORVETE DE SUSHI
Uma coisa é certa: a cultura da inovação demanda novas e criativas maneiras de ter prazer ao comer e beber. Pensando nisso, a sorveteria Gelarto, do East Village nova-iorquino, imaginou que seria bacana comer sorvete com hashi, e daí surgiu a ideia de combinar a arte do sorvete italiano com a arte do suhi. Pepitas de chocolate, menta, creme de cereja, caramelo salgado ou manga, em 46 sabores diferentes, são oferecidos sob a forma de sushis gelados, enganando os olhos, mas aguçando os sentidos.
ROBURGUERIA
Para oferecer o novo e o diferente, é claro que, em se tratando das novas gerações, a tecnologia terá sempre um papel de destaque. Com a ênfase atual na inteligência artificial, a rede de lanchonetes norte-americana CaliBurger “contratou” um robô para fazer e entregar os sanduíches aos clientes e, de quebra, buscar uma solução para o incessante turnover de funcionários nos fast foods. (Mas a novidade atraiu tanta gente que o robô não deu conta e teve que ser retirado para revisão… A rede anuncia sua volta para breve.)
SNACKFICAÇÃO
Comer menos e mais vezes ao dia – o famoso “beliscar” – é uma forma característica da alimentação contemporânea. Além disso, a falta de tempo e o fato de estarmos sempre apressados jogam a favor dessa tendência.
Por outro lado, é preciso que o desejo por uma alimentação mais leve e saudável seja bem traduzido e respondido pela indústria, por meio da inovação em snackficação e na própria fast food. Eis aí outro enorme campo de oportunidades.
O IKEA Space 10, laboratório de pesquisa e desenvolvimento da marca sueca, tem mostrado direções para hot dogs e hambúrgueres do futuro. O laboratório também já propôs pequenos viveiros hidropônicos para cultivar saladas extra-suadáveis, entre outras inovações.
Mais importante do que as contribuições da marca para a future food, a nosso ver, é observar a sua estratégia, ao investigar e investir em aspectos dos estilos de vida que serão decisivos para o futuro da própria empresa. O que mais uma vez vem demonstrar que, quando se trata de tendências, o futuro é agora…