SAFE em detaque na mídia
O caderno Vitrine da Folha de S.Paulo de sábado 12/04 (link válido só para assinantes) destacou com a manchete “Parafernália paranóica” a tendência SAFE, confirmando mais uma vez uma das direções de consumo apontadas pelo Observatório de Sinais em 2007. O artigo, assinado pela jornalista Danae Stephan, era complementado por uma série de indicações de produtos, de protetores de assentos sanitários a um balanceador de íons negativos (sic):
O desejo de salvar a própria pele é um dos que vão orientar o desenvolvimento de produtos nas próximas décadas. A megatendência, batizada de “safe” pela agência Observatório de Sinais, reflete a atual insegurança planetária e engloba duas grandes correntes, segundo a explicação do sociólogo Dario Caldas, diretor da empresa. A primeira corrente está ligada ao medo da violência, materializada em aparelhos de segurança de alta tecnologia, no estilo das fechaduras biométricas, que identificam pessoas por meio de características como impressão digital.
A outra corrente está relacionada à preservação do corpo. “Esse é um novo território dentro da época individualista que já vivemos há tempos”, diz Caldas. “A diferença é que antes o individualismo era hedonista e buscava o prazer. Agora está voltado à autopreservação.” Nesse espírito se alinham os alimentos funcionais industrializados e as traquitanas para mapear o corpo de todas as maneiras possíveis, entre outros produtos.
Está tudo ligado a um momento sociocultural marcado pelo pessimismo. “Até o final dos anos 90, a evolução tecnológica, o crescimento econômico, tudo apontava para um futuro otimista”, diz Caldas. “Na virada do milênio, especialmente depois dos atentados do 11 de Setembro, o horizonte se tornou mais sombrio”. Os desastres climáticos e a preocupação com o futuro se juntaram ao terrorismo, à guerra do Iraque e às neuroses urbanas para completar esse humor.
O mercado responde a essa tendência à altura, e a indústria da segurança deita e rola: é uma das que mais crescem no mundo, perdendo apenas para a cultura digital. Ao mesmo tempo em que são aperfeiçoados equipamentos e sistemas de proteção, parte da indústria se aproveita para fabricar mais paranóia. Roupas feitas com tecidos à prova de balas, celular que indica a localização do usuário e supervitaminas são exemplos que, se já não estão sendo vendidos em larga escala, ainda vão cair no gosto do freguês.
“O que se deve questionar é até que ponto determinado produto ou aparelho serve de fato e até que ponto ele está só ajudando a construir uma paranóia”, diz Caldas.