Indústria nacional sob risco


Não é de hoje que alertamos para a desindustrialização em curso no Brasil, fazendo coro com uma parte da mídia mais esclarecida e com as instituições representantes da indústria. A manchete da Folha do último dia 9 não deixa margem a dúvida, enquanto o Estadão tem falado sobre o assunto praticamente todos os dias (no último final de semana, o jornal demonstrou que produzir no Brasil já está mais caro do que nos EUA). O debate avançou da questão do câmbio para o aumento irrefreável de outros custos de produção, como o emprego e a energia elétrica – este último, incompreensível, se pensarmos nas imensas possibilidades da matriz energética deste país, se ela tivesse uma gestão eficiente (no mesmo capítulo, veja-se o que está acontecendo com o etanol). Enquanto a indústria se desmonta, a “política” proposta para fazer face à situação tem se resumido a tirar água do barco com o baldinho, tentar intervir no câmbio diante do “tsunami” de moeda estrangeira (que, segundo analistas, ainda nem chegou inteiro até aqui) e diminuir a já combalidada competitividade da indústria local com medidas protecionistas – compreensíveis, e até pedidas por diversos setores industriais, mas sabe-se que ineficazes no longo prazo. Não se ataca o problema em seu cerne: O que se quer para a indústria brasileira no século XXI? Quais setores têm efetivamente chances de competir no cenário global? E os que não têm, vamos deixá-los sangrar aos poucos? Ou é preciso um plano de reconversão de extensas e populosas áreas do país para outros tipos de atividades? Um abordagem estratégica baseada em macrotendências teria muito a colaborar, nesse sentido.

Odes
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