Crise: mais do mesmo

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A crise avança. O setor calçadista já amarga dispensa de 9% do total de força de trabalho empregada e queda de 25% nas exportações do Rio Grande do Sul, o maior pólo, e de 7,5% na média brasileira. A indústria da confecção, embora tenha crescido 4% em 2008, relata 43 mil dispensas no último trimestre do ano passado e queda entre 15% e 18% nas exportações. No frigir dos ovos, a tão sonhada (e insistentemente requisitada pelos exportadores, ao longo de 2008) desvalorização do real, não compensa o desaquecimento global da demanda. O New York Times trouxe matéria sobre a “vergonha” do luxo – citando, inclusive, Gilles Lipovetsky, co-associado internacional do Observatório de Sinais – e fala de uma possível “revolução” no Zeitgeist. Está mais para processo evolutivo, sem grandes rupturas, ao nosso ver. Mas os desdobramentos prosseguem. Um americano – quem mais? -, Chuck Failla, lançou o manifesto scuppie, sigla em inglês para socially conscious upwardly-mobile person, algo entre o hippie e o yuppie, na definição do próprio. Um tanto hilária na apresentação, a idéia central é de que é possível cultivar os luxos de um estilo de vida aspiracional, desde que parcimoniosamente. Entre outras pérolas e crenças do scuppie, ele não vê problema em ter na sala uma mesa caríssima de madeira de lei, desde que ela tenha sido conseguida em demolições de casarões antigos de São Paulo (sic). Seria o caso de perguntar se a preservação da memória cultural de um povo não devia fazer parte desse conceito um tanto barroco de sustentabilidade. Enfim, isso é só o começo, muita água vai rolar sob essa ponte, nos próximos meses.

Odes
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