NH15 – Parte2: A saga metrossexual e a revanche do atávico
Convenhamos: o homem ‘metrossexual’, conceito formulado por uma agência de publicidade inglesa e que tomou o mundo a partir de 2002/2003, não é outro senão o ‘novo homem’ que havíamos detectado já em 1995. As únicas diferenças foram a fusão com a ideia de ‘metrópole’ e a ênfase na sexualidade – além, é claro, de uma ‘fórmula’ que deu super certo.
Na verdade, estávamos muito antecipados, não só em relação ao mercado, como também em relação às outras agências de tendências. Em 2002, com o ODES já em pleno funcionamento, vivemos outra situação peculiar. Começamos a detectar sinais da ‘revanche do atávico’ masculino, isto é, de uma volta das características mais marcadamente masculinas e que haviam sido demonizadas no período anterior. Isso nos levou a formular o conceito do ‘homem assumido’, pouco entendido na época, até por conta do boom ‘metrossexual’.
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Detectamos a aparição uma série de ‘durões repaginados’ aparecendo nas mídias (nas novelas, por exemplo), além da volta de barbas e bigodes e uma nítida substituição dos modelos ‘andróginos’ por imagens masculinas bem mais afirmativas.
Não deu outra. Os próprios responsáveis pela difusão da ideia do metrossexual tiveram que, pouco tempo depois (em 2005), rever posições e lançar um novo conceito, o do homem ‘übersexual’, que no Brasil também recebeu o nome de ‘retrossexual’ – que correspondiam, finalmente, ao nosso ‘homem assumido’!
Na verdade, o ‘novo homem’ e o ‘homem assumido’ eram dois pólos em torno dos quais oscilava a reconstrução da identidade masculina naquele momento, duas posições a serem ambas consideradas. Nesse case de tendência, a grande virtude do ODES foi ter antecipado essa nova dinâmica, bem como ter insistido numa renovada individuação dos pólos masculino e feminino, agora em relação de antagonismo e não mais de fusão.