VERDE QUE TE QUERO COOL
Como a sustentabilidade está aderindo à sedução do consumidor e ganhando uma nova estética*
A exigência por um consumo sustentável veio para ficar, mas isso não significa que esse campo recente do consumo permanecerá imutável. Ao contrário, acompanhar as suas evoluções internas e suas novas configurações passam a ser atividades essenciais da observação & análise de tendências. Nessa direção, um olhar sobre a nova linguagem das embalagens sustentáveis é bastante inspirador.
Até pouco tempo atrás, os valores da sustentabilidade eram geralmente expressos com uma linguagem estética bem definida e limitada. Materiais mais rústicos e pouca preocupação com acabamentos e detalhes eram a senha para criar a identificação com esse universo. Predominavam as tendências à austeridade, ao despojamento voluntário, desprovido de quase todo atrativo, decorativismo e cor. Ecológico tinha que ter cara de “pobrinho”, dentro de um princípio elementar: quanto mais cru, mais verde.
Está decretado: a nova cara da sustentabilidade é a sedução – e os sinais são muito claros quanto a isso:
Mais cedo este ano, a feira de embalagens de luxo Lux Pack New York evidenciou que a sustentabilidade deixou de ser um nicho, firmando-se como tendência para o mercado – embora a transição da indústria como um todo para as embalagens sustentáveis seja um processo bem mais complexo do que se possa imaginar.
Está decretado: a nova cara da sustentabilidade é a sedução
Embalagens sustentáveis altamente atraentes, feitas geralmente de materiais reciclados, e embalagens de luxo menos maximalistas e mais sustentáveis foram as duas grandes direções que emergiram da feira. Ou seja: a sustentabilidade é cada vez menos visível e, ao mesmo tempo, cada vez mais incorporada a todos os processos.
Outras tendências da Lux Pack New York 2018: plástico reciclado; materiais biodegradáveis; refis para produtos cosméticos de luxo.
O entendimento de que nem tudo o que é orgânico é necessariamente mais sustentável também está se difundindo mais rapidamente pelas indústrias. Processos químicos e matérias primas artificiais podem, eventualmente, ser mais eficientes e causar menos impacto ambiental do que a escolha intransigente pelo natural. Bem-vindos à era da química a serviço da sustentabilidade.
A nova loja Stella McCartney na Old Bond Street é um celeiro de sinais da nova conjunção entre moda sustentável e sedução do consumidor. Manequins de material biodegradável (cana de açúcar), uso intensivo de matérias primas sustentáveis (viscose sustentável, couro ecológico, plástico reciclado), elementos naturais para a decoração trazidos da fazenda da família, na Escócia, ou o toca-discos original pertencente a Paul McCartney, que permite aos visitantes tocarem o vinil que desejarem – são apenas algumas das práticas acionadas para descolar de vez a imagem do produto sustentável de uma estética austera e sem glamour.
INSIGHTS
O novo consumidor tende a não identificar mais os valores da sustentabilidade com uma gramática específica de estilo.
A sustentabilidade não está mais forçosamente naquilo que se vê, ela desceu um ou vários níveis para “dentro” dos produtos (matérias primas, modos de fabricação e de comercialização…).
A partir de agora, uma oferta sustentável deverá, antes de mais nada, e como todos os outros tipos de oferta, seduzir o consumidor.
- Tendência originalmente lançada no ODES Report Insights & Tendências de Comportamento e Consumo de setembro de 2018. Os reports de tendências e insights de consumo do Observatório de Sinais são distribuídos com exclusividade para os nossos clientes, parceiros e prospects. Mais informações: cesalles@observatoriodesinais.com.br